segunda-feira, 31 de maio de 2010

(Lição 05) O que significa ser chamado cristão

Jesus fez o convite para segui-Lo, dizendo: "Se alguém quer vir após mim negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16:24).

O latinizado termo grego Christianos é encontrado apenas três vezes no Novo Testamento e designa os seguidores de Cristo Jesus, os expoentes do cristianismo (At 11:26; 26:28; 1Pe 4:16).

"Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos" (At 11:26). É possível que este nome já fosse usado desde 44 d.C., quando ocorreram os eventos que cercam este texto. Por volta de 58 d.C., na cidade de Cesareia, o termo era bem conhecido e usado até mesmo por autoridades públicas, porque, naquela época, o Rei Herodes Agripa II disse a Paulo: "Por pouco me persuades a me fazer cristão" (At 26:28).

Os escritores bíblicos, descrevendo os seguidores de Cristo, usaram expressões tais como "crentes no Senhor", "irmãos" e "discípulos" (At 5:14; 6:3; 15:10), "escolhidos" e "fiéis" (Cl 3:12; 1Ti 4:12), "escravos de Deus" e "escravos de Cristo Jesus" (Rm 6:22; Fp 1:1), "santos", "igreja de Deus" e os "que invocam o Senhor" (At 9:13; 20:28; 1Co 1:2; 2Tm 2:22).

Aqueles que são verdadeiros cristãos têm plena fé que Jesus Cristo é o especialmente Ungido e o unigênito Filho de Deus, a Semente [Descendente] Prometida, que sacrificou sua vida humana como resgate, foi ressuscitado e enaltecido para a mão direita de Deus, e recebeu autoridade para subjugar seus inimigos (Mt 20:28; Lc 24:46; Jo 3:16; Gl 3:16; Fp 2:9-11; Hb 10:12, 13).

Os cristãos encaram a Bíblia como a Palavra inspirada de Deus, a verdade absoluta, proveitosa para ensinar e para disciplinar a humanidade (Jo 17:17; 2Ti 3:16; 2Pe 1:21).

Dos verdadeiros cristãos exige-se mais do que a mera profissão de fé. É necessário que a crença seja demonstrada por obras (Rm 10:10; Tg 2:17, 26). Nascidos pecadores, os que se tornam cristãos arrependem-se, são transformados, dedicam a vida a Deus para adorá-lo e servi-lo, e então se submetem ao batismo em água (Mt 28:19; At 2:38; 3:19).

Precisam manter-se livres da fornicação, da idolatria (At 15:20, 29). Despem-se da velha personalidade com seus acessos de ira, desobediência, mentira, furto, bebedice e "coisas semelhantes a estas", e harmonizam sua vida com os princípios bíblicos (Gl 5:19-21; 1Co 6:9-11; Ef 4:17-24; Cl 3:5-10).

Os cristãos devem ser bondosos e mostrar consideração, ser brandos e longânimes, exercendo amorosamente autodomínio (Gl 5:22, 23; Cl 3:12-14). A principal qualidade identificadora pela qual os verdadeiros cristãos são reconhecidos é o notável amor que têm entre si: "Por meio disso", disse Jesus, "saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós" (Jo 13:34, 35; 15:12, 13).

Os verdadeiros cristãos imitam o exemplo de Jesus como Mestre e Testemunha Fiel de Deus (Jo 18:37; Ap 1:5; 3:14). "Ide, fazei discípulos de todas as nações" é a ordem do seu Líder (Mt 28:19, 20). Cumprindo-a, os cristãos evangelizam o mundo, proclamando o Reino de Deus (At 5:42; 20:20, 21; Ap 18:2-4). Estas são realmente boas novas, mas a proclamação de tal mensagem acarreta para os cristãos grande perseguição e sofrimento, assim como aconteceu com Jesus Cristo.

Seus seguidores não estão acima dele; basta serem semelhantes a ele (Mt 10:24, 25; 16:21; 24:9; Jo 15:20; 2Tm 3:12; 1Pe 2:21). Se alguém "sofrer como cristão, não se envergonhe, mas persista em glorificar a Deus neste nome", aconselhou Pedro (1Pe 4:16).

sexta-feira, 7 de maio de 2010

(Lição 09) Olho por olho, dente por dente

Vingança ou Perdão?
Por Eric Kayayan

A expressão “olho por olho, dente por dente”, amigos ouvintes, tornou-se proverbial. Ela é conhecida pelo nome de Lei de Talião. Poucos são aqueles que sabem que ela provém da Bíblia, mais especificamente do livro de Êxodo, capítulo 21, versículo 24. Esta passagem faz parte das leis sobre agressão, leis através das quais, sentenças, julgamentos, condenações e absolvições são prescritos em função da natureza ou gravidade do ato cometido.

Mas leiamos juntos, se vocês desejarem, a passagem em questão: “Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem. Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe”.

Notemos, primeiramente, que a vítima que esta lei procura compensar é a mulher grávida e a criança, ou as crianças que ela carrega em seu ventre. A Bíblia, portanto, leva a sério a proteção das mulheres na sociedade, ao contrário do que comumente se alega. Não se pode impunemente ferir uma mulher grávida. A lei em questão prescreve a pena devida ao culpado, e fazendo assim ela também opera de maneira dissuasiva.

Se há ferimento, o culpado deve esperar receber o mesmo golpe infligido àquela mulher. Pode parecer, a priori, estranho que uma lei do Antigo Testamento contemple um caso como este, a saber, um golpe, talvez até involuntariamente, sobre uma mulher grávida, durante uma disputa violenta entre dois homens. Compreenderemos melhor a necessidade de tal lei, se levarmos em conta a possibilidade de a mulher querer se interpor entre os dois homens para os separar. Mas, vocês me perguntariam, se trata de uma vingança prescrita pela Bíblia e por Aquele que inspirou as palavras? De maneira nenhuma.

No capítulo 19 do livro de Levítico, que segue o livro de Êxodo no Antigo Testamento, nós lemos nos versos 17 e 18: “Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.

As leis do Antigo Testamento sobre golpes e ferimentos, ou mesmo assassinatos, foram instituídas para que a justiça seja feita, sem que a gravidade dos feitos seja encoberta ou diminuída, mas também sem que nenhum excesso de ódio ou de vingança substitua uma justiça equilibrada. Ninguém podia tomar um braço, ou mesmo a vida do culpado, se este tinha feito alguém perder um olho ou um dente. Um princípio de proporcionalidade ou de equivalência na sentença devia prevalecer sobre toda a emoção, todo o sentimento de ódio. Visava também impedir que qualquer rancor fosse mantido.

Um outro exemplo muito explícito deste princípio nos é dado no livro de Deuteronômio, capítulo 19, versos 16 a 21. Esta passagem retoma o princípio de Talião tal como acabamos de ver no nosso primeiro exemplo: “Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para o acusar de algum transvio, então, os dois homens que tiverem a demanda se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. Os juízes indagarão bem; se a testemunha for falsa e tiver testemunhado falsamente contra seu irmão, far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, exterminarás o mal do meio de ti; para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer semelhante mal no meio de ti. Não o olharás com piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”.

Encontramos aqui, novamente, o princípio de proporcionalidade, aquele da pena merecida pelo culpado - pena não somente pronunciada, mas também aplicada -, o valor dissuasivo da pena e os efeitos positivos no conjunto da sociedade; o mal na sociedade é extirpado. Notamos também a insistência sobre a seriedade no inquérito a ser investigado pelos juízes em serviço.

Estes exemplos podem servir de norma para a sociedade de hoje? Um cristão que lê a Bíblia seriamente sabe que, definitivamente, ele não pode interpretar corretamente o Antigo Testamento, a menos que leve em conta a luz trazida pelo Novo Testamento e pela pessoa de Jesus Cristo, aquele que, segundo seu próprio testemunho, é “a luz do mundo” (João 9:5).

Ora, lemos no evangelho segundo Mateus (cap. 5 versos 38 a 41), que Jesus Cristo declara: “Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”.

Que novo princípio Jesus Cristo ensina aqui a seus discípulos? Alguém poderia pensar, a priori – Ele está rejeitando todo o ensino do Antigo Testamento? No entanto, tal não é o caso. Primeiro, porque Jesus põe ênfase sobre a atitude pessoal do que foi lesado, e não sobre o sistema judiciário em si e sua validade. A questão aqui é a reação pessoal manifestada pela pessoa lesada em relação à pessoa que provocou o mal. Contra aqueles que não veriam mais do que a aplicação estrita da pena prescrita, endurecendo-se em um legalismo estreito, Jesus ensina a mansidão, a recusa à vingança, o perdão das ofensas.

De fato, ele revela um aspecto que, como vimos, é belo e está contido na Lei: a recusa à vingança, o amor ao próximo. Jesus revela este aspecto porque mesmo que ele fale tão claramente e com sua autoridade divina, a plenitude deste princípio está ainda velada aos homens pecadores.

Deus, em Jesus Cristo, tem perdoado o pecador, e não tem levado em conta seus pecados. Segundo a Bíblia, de fato todo o homem ou toda a mulher se acha em estado de desobediência para com Deus, e por isso merece a morte. Para deixar bem claro este ensino fundamental da Bíblia, leiamos juntos uma passagem crucial na carta do apóstolo Paulo aos Romanos, capítulo 3, versos 23 a 26: “pois todos pecaram e estão privados da gloriosa presença de Deus, sendo justificados gratuitamente , por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar da sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, e para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”.

Note bem, esta magnanimidade de Deus manifestou-se principalmente no sacrifício de Jesus Cristo sobre a cruz, segundo o princípio de proporcionalidade da pena.

Relembre as palavras de Deuteronômio: “Vida por vida”. É unicamente porque Cristo dá sua vida por aqueles que Deus comprou, que estão isentos desta pena. Mas alguém pagou o resgate, alguém sofreu a pena, “vida por vida”: e este alguém é Deus mesmo, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo. Eis aqui a expressão mais perfeita da magnanimidade de Deus, da misericórdia divina.

É por ser o portador dessa misericórdia divina em si mesmo, que Jesus Cristo detém a autoridade para falar como está registrado no evangelho segundo Mateus. Ele chama aqueles que querem ser seus discípulos a exercerem uma magnanimidade semelhante àquele que ele demonstrará ao longo de todo o seu ministério, e mais particularmente no momento da entrega total de Sua pessoa sobre a Cruz do Gólgota. Porque sobre a Cruz, Deus perdoou na pessoa de Jesus Cristo, aquele cujos inimigos dividiram sua túnica; aquele que antes não tinha respondido às injúrias, bofetadas, golpes; aquele que jamais desobedeceu à Lei que manda amar a Deus e seu próximo.

Ele, portanto, cumpriu esta Lei em seus atos por toda a sua vida. Mas ao oferecer esta mesma vida sobre a Cruz, ele cumpriu a Lei de uma maneira suplementar: ela exigia a vida de cada pecador, e exprimia esta exigência requerendo os sacrifícios rituais de animais, símbolos da vida exigida em pagamento do pecado. Cristo pagou uma vez por todas o resgate exigido, não de maneira simbólica, mas de maneira real, total e definitiva.

Podemos, então, compreender com a maior clareza as palavras de Jesus registradas pelo evangelista Mateus no mesmo capítulo 5 que lemos há pouco algumas frases: “Não penseis que eu vim abolir a lei ou os profetas. Eu vim não para abolir, mas para cumprir”. Revelando assim seu amor por seu povo, Deus mostra a extensão de sua magnanimidade, e ensina a seus filhos comprados, a lhe imitarem. Ele lhes ensina a compreender uma dimensão que nenhum humano pôde perceber antes: amor e justiça, proporção na pena e perdão, misericórdia e castigo, são possíveis no plano divino sem se excluírem mutuamente. Eles encontraram sua expressão perfeita na pessoa e obra de Jesus Cristo.

Traduzido por Paulo Athayde

terça-feira, 4 de maio de 2010

(Lição 13) Bullying e Cyberbullying

O que é bullying e cyberbullying e o quanto estão presentes em nossa sociedade


Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

Caracterização do bullying
No uso coloquial entre falantes de língua inglesa, bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco.

O cientista sueco - que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:
  • o comportamento é agressivo e negativo;
  • o comportamento é executado repetidamente;
  • o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O bullying divide-se em duas categorias:
  • bullying direto;
  • bullying indireto, também conhecido como agressão social
O bullying direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos. A agressão social ou bullying indireto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:
  • espalhar comentários;
  • recusa em se socializar com a vítima;
  • intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima;
  • criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).
O bullying pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até mesmo países. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.

Os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico, mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pessoa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.

Características dos bullies
Pesquisas indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que um deficiente em habilidades sociais e um ponto de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser fatores de risco em particular.

Estudos adicionais têm mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos para a prática do bullying, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que sugira que os bullies sofram de qualquer déficit de autoestima. Outros pesquisadores também identificaram a rapidez em se enraivecer e usar a força, em acréscimo a comportamentos agressivos, o ato de encarar as ações de outros como hostis, a preocupação com a autoimagem e o empenho em ações obsessivas ou rígidas.

É frequentemente sugerido que os comportamentos agressivos têm sua origem na infância: "Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que indica que a prática do bullying durante a infância põe a criança em risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta".

O bullying não envolve necessariamente criminalidade ou violência. Por exemplo, o bullying frequentemente funciona através de abuso psicológico ou verbal.

Tipos de bullying
Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das técnicas de bullying:
  • Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
  • Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
  • Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os.
  • Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
  • Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
  • Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando a vítima para seguir as ordens.
  • Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
  • Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
  • Isolamento social da vítima.
  • Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento, de publicação de fotos, etc).
  • Chantagem.
  • Expressões ameaçadoras.
  • Grafitagem depreciativa.
  • Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
Locais de bullying
O bullying pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho.

a) Escolas
Em escolas, o bullying geralmente ocorre em áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da escola.

Os que sofrem bullying na escola acabam desenvolvendo problemas psíquicos muitas vezes irreversíveis, que podem até levar a atitudes extremas, como suicídio e assassinato.

Nos Estados Unidos há diversos relatos de tiroteios em escolas (por exemplo, o massacre de Columbine), em que muitas das crianças e adolescentes envolvidos afirmavam ser vítimas de bullies. Elas disseram que somente haviam recorrido à violência depois que a administração da escola havia falhado repetidamente em intervir. Em muitos destes casos, as vítimas dos atiradores processaram tanto as famílias dos atiradores quanto as escolas.

Como resultado destas tendências, escolas em muitos países passaram a desencorajar fortemente a prática do bullying, com programas projetados para promover a cooperação entre os estudantes, bem como o treinamento de alunos como moderadores para intervir na resolução de disputas, configurando uma forma de suporte por parte dos pares.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos do 6º e 7º anos. Entre todos os entrevistados, pelo menos 17% estavam envolvidos com o problema – seja intimidando alguém, sendo intimidados ou os dois. A forma mais comum é a cibernética (cyberbullying), através do envio de e-mails ofensivos e difamação em sites de relacionamento como o Orkut.

b. Locais de trabalho
O bullying em locais de trabalho (algumas vezes chamado de "Bullying Adulto") é descrito pelo Congresso Sindical do Reino Unido como: "Um problema sério que muito frequentemente as pessoas pensam que seja apenas um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e confiança da vítima do bully. E é frequentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura da organização".

c. Vizinhanças
Entre vizinhos, o bullying normalmente toma a forma de intimidação por comportamento inconveniente, tais como barulho excessivo para perturbar o sono e os padrões de vida normais, ou fazer queixa às autoridades (tais como a polícia) por incidentes menores ou forjados. O propósito desta forma de comportamento é fazer com que a vítima fique tão desconfortável que acabe por se mudar da propriedade. Nem todo comportamento inconveniente pode ser caracterizado como bullying: a falta de sensibilidade pode ser uma explicação.

O Cyberbullying

A principal diferença entre o bullying presencial e o cyberbullying é que o segundo ocorre através das tecnologias de informação e comunicação – por exemplo: celulares e smart phones (tais como, i-Phone, Droid, Blackberry), por meio de torpedos, mensagens, fotos; computadores, por meio de blogs, e-mails, redes sociais (como Twitter, Orkut, Youtube, MySpace, FaceBook) e programas de comunicação instantânea (como MSN, Messenger, Skype).

Outra distinção interessante é que no cyberbullying o agressor (bully) não precisa ser maior ou mais forte que suas vítimas. De fato, enquanto no bullying presencial a vítima é geralmente mais nova ou mais fraca (física ou psicologicamente) que o agressor, no cyberbullying nem sempre é assim.

"Longe dos olhos, longe do coração"
Como no cyberbullying as ações do agressor têm lugar através das tecnologias de informação e comunicação, em geral o agressor não presencia de forma imediatamente tangível os resultados das suas ações na vítima. Disso resulta que o agressor não vê de imediato o mal que causou, as consequências dos seus atos, o que minimiza quaisquer eventuais sentimentos de remorso ou empatia para com a vítima que pudesse vir a sentir em resultado dessa constatação.

Esta realidade cria, assim, uma situação em que as pessoas podem fazer e dizer coisas na Internet que seriam muito menos propensas a dizer ou fazer presencialmente.

Ações esporádicas tornam-se persistentes
O cyberbullying se caracteriza pela persistência, pesquisabilidade, replicabilidade e invisibilidade). De fato, as ações esporádicas não constituem bullying, dado que este se caracteriza por ações repetidas ao longo do tempo. No entanto, em resultado da persistência, pesquisabilidade, replicabilidade e invisibilidade do cyberbullying, aquilo que pode aparentar ser um episódio único na Internet é, na realidade, repetido ao longo do tempo. Um exemplo que ilustra esse fato é o caso do Star Wars Kid, garoto obeso que fez um vídeo caseiro particular imitando os movimentos do filme Star Wars e que teve seu vídeo postado por amigos na internet – o vídeo tornou-se um dos mais assistidos do mundo. A partir daí o adolescente passou a sofrer constantes zombarias e humilhações por parte dos colegas na escola e de pessoas nas ruas. Finalmente, abandonou a escola (todas pelas quais passou) e está sob tratamento psiquiátrico.

Ações em anonimato
Enquanto em geral o bullying é presenciado por testemunhas/observadores no momento em que acontece, o mesmo geralmente não acontece com o cyberbullying, que costuma ocorrer no anonimato, deixando assim as vítimas ainda mais vulneráveis ou desprotegidas.

Constantemente desprotegida
Normalmente a própria casa constitui um refúgio para a vítima de bullying, lugar onde está a salvo das ações do agressor. Mas no cyberbullying, a vítima não fica a salvo do agressor nem na própria casa. Frequentemente ela está em casa ao abrir uma mensagem de correio eletrônico (e-mail), acessar o Instant Messenger (MSN, Skype), ao receber um SMS (torpedo), ao consultar uma rede de relacionamentos (Orkut, Twitter, Facebook, Youtube), ou simplesmente ao navegar numa página da Web. Qualquer uma dessas fontes pode trazer uma surpresa desagradável: insultos, agressões, difamações, humilhações, exposição de imagens, etc.

Fontes:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Miúdos seguros na net
Artigo: Bullying e Cyberbullying: as diferenças, por Tito de Morais

(Lição 13) Bullying: Inferno na escola

A intimidação das crianças pelos colegas arrasa a autoestima e pode trazer problemas de aprendizado
Por Fernanda Colavitti


Ganhar apelidos maldosos e tornar-se alvo de gozação dos colegas a propósito de algum aspecto da aparência, do jeito de falar ou do comportamento são dificuldades pelas quais qualquer criança pode passar durante a vida escolar. Ou ainda levar um beliscão ou um cascudo, eventualmente, e até voltar para casa com um brinquedo quebrado por alguém da mesma idade. Nada mais natural, já que são meninos e meninas com temperamentos e personalidades diferentes convivendo diariamente em um mesmo espaço, numa fase da vida em que as regras da boa convivência ainda se estão sedimentando. Entretanto, não raras vezes essas atitudes podem descambar para a hostilidade sistemática e conduzir seu filho ao isolamento dentro da turma e à exclusão de atividades recreativas. Há casos em que a agressão física, em geral por alguém mais forte, passa a ser frequente. Espalham-se rumores e até ameaças e roubo se verificam no convívio entre garotos e garotas no colégio.

É uma situação para a qual muitos pais não estão atentos, mas que pode infernizar a vida do filho, afetar seu relacionamento familiar e causar entraves no aprendizado, segundo o pediatra e psiquiatra infantil Christian Gauderer, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "A criança que não consegue fazer parte de um grupo pode passar por sérios problemas emocionais", adverte Gauderer, atualmente nos Estados Unidos, onde faz pesquisas na Universidade de Hackensack. A primeira dificuldade que os pais têm é identificar a ocorrência das pressões, já que a maioria das crianças reluta em falar abertamente sobre o assunto. Isso porque experimentam um sentimento de vergonha por estar sofrendo chacotas ou apanhando na escola, ou ainda por temer retaliações dos agressores. "Um dos sinais mais evidentes é a queda de rendimento escolar e a resistência em ir à aula", explica a especialista em violência infantil Cacilda Paranhos, do Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo.

De uma maneira geral, o conselho mais repetido entre diversos especialistas entrevistados é procurar elevar a autoestima da criança em casa, ressaltando sempre suas qualidades e capacidades (veja quadro). Antes de tratar o filho como o coitadinho da história, no entanto, é preciso checar se não é o próprio comportamento da suposta vítima o motivo da rejeição entre os colegas. "A ausência de limites e o excesso de mimos em casa podem fazer com que a criança fique egoísta, chata, agressiva, enfim, não siga as regras básicas de convivência em grupo", alerta a psicóloga Ceres Alves de Araújo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A falta de entrosamento pode ter diversas origens, por isso é importante o trabalho conjunto entre pais e professores para a identificação e solução do problema. Algumas escolas promovem atividades e jogos em grupo, com o objetivo de reforçar a importância da socialização e do respeito mútuo entre as crianças, além de manter a fiscalização nos horários de intervalo para identificar os alunos que estão sempre sozinhos ou se metendo em confusões. "A escola tem obrigação de alertar os pais para os problemas enfrentados pelos filhos", diz a psicopedagoga Anna Paula Costa, orientadora pedagógica do Pitágoras, de Belo Horizonte.


Se no Brasil iniciativas como essas parecem isoladas, na Inglaterra e nos EUA o assunto ganha foros de debate nacional. Em inglês, a atitude é conhecida por bullying, algo como intimidar, atormentar, termo sem uma tradução exata em português. Nos dois países, há livros publicados, entidades especializadas na orientação para os pais e na defesa das crianças, bem como normas que obrigam as escolas a oferecer uma política clara de providências contra o bullying. Como sempre ocorre quando um tema ganha essa dimensão, aparecem abordagens fora de foco.

Na Inglaterra, por exemplo, o suicídio do garoto Jevan Richardson, de 10 anos, inflamou os ânimos e foi atribuído a problemas de socialização na escola. Nos EUA, o bullying chegou até a ser apontado como o estopim de episódios como a morte de treze alunos da escola Columbine, na cidade americana de Littleton, em 1999. Exageros à parte, a experiência de lá é claro que ajuda a clarear o caminho para quem se interessa em resolver a situação.

Foi divulgada na respeitada revista científica da Associação Médica Americana o resultado de uma ampla pesquisa com nada menos que 15.686 estudantes sobre o tema, centrada nos pré-adolescentes e nos adolescentes. "A ocorrência é vigorosa e, dadas as consequências negativas de longo prazo para eles, a questão exige atenção séria", conclui o relatório da pesquisa. Para essa faixa etária, comprovou-se que, no sexo masculino, a reclamação maior é de agressão física. Já entre as adolescentes, são mais correntes as agressões verbais e a disseminação de boatos sobre o comportamento sexual das colegas.

As escolas encaram o cyberbullying
A variante de bullying que tem dado mais trabalho para escolas, pais e estudantes é o virtual, também chamado de cyberbullying. “Na faixa dos 13, 14 anos, a mais crítica de todas, é frequente o desrespeito pela internet. Os alunos criam comunidades no Orkut, entram de forma anônima ou não e falam mal de outros”, diz Fábio Aidar, vice-diretor-geral do colégio do Santa Cruz, em São Paulo. “Para prevenir, fazemos um trabalho verbal, orientando os alunos para o bom uso da internet e lembrando a importância do respeito ao próximo.”

De modo geral, os colégios particulares vetam o uso de celular em sala de aula - o que evita que se filme alguma cena constrangedora para depois jogá-la na web, um tipo possível de cyberbullying. Em algumas instituições, ele é liberado no recreio e nos intervalos, ou quando há uma ligação importante a ser feita pelo aluno (desde que ele avise antes a direção da escola). Em algumas redes estaduais, como na do Paraná, há orientação para as escolas proíbam o celular, mas cabe a cada uma vetar concretamente ou não.

Sufocar completamente o cyberbullying é, porém, uma missão complexa, porque muitas das agressões virtuais são feitas pelos alunos a partir de suas casas. “Hoje, a nossa preocupação maior é com o que os alunos fazem fora da escola: as festas, as drogas e a internet”, reconhece o psicólogo Cristiano Braune Wiik, coordenador pedagógico do 1º ano do ensino médio do São Luís. Aqui, mais uma vez, as escolas centram fogo na prevenção. “Nós monitoramos a navegação no colégio e orientamos as família a fazê-lo em casa, ficando ao lado do aluno e verificando seus hábitos on-line”, afirma Nívea Fabrício, do Graphein, chamando atenção para o outro lado do combate ao bullying: a ação dos pais.

Xingamentos eletrônicos – Frederico, de 12 anos, identificado aqui por nome fictício, chegou a deixar três escolas por envolvimento em brigas. Em suas próprias palavras, estava sempre disposto a entrar em combate. “Quando me xingavam, eu já partia para a briga”, lembra. Era um agressor, mas também vítima do bullying – visto como vilão, acabou sendo perseguido e se tornando o bode expiatório da turma.

Ao lado de colegas de um de seus colégios anteriores, participou de uma comunidade na rede social Orkut que era um exemplo claro de bullying virtual: “Eu odeio a Gisela” – outro nome fictício. A página, que chegou a reunir 120 participantes, propunha uma enquete em que os visitantes podiam escolher uma maneira de ofender Gisela. “Burra”, “escrota” e “tonta” eram os adjetivos mais leves.

Transferido para o colégio Graphein, especializado em estudantes com dificuldades de adaptação, Frederico começou a deixar para trás as práticas. Mais calmo e sociável, é considerado um jovem em “reabilitação”.

Fontes:
VEJA on-line
VEJA.com